
D. José Cordeiro
Arcebispo Metropolita de Braga
Mensagem
O sopro e o vento são dois elementos que a Escritura Sagrada usa para se referir às manifestações divinas. Recordemos, por exemplo, o Livro dos Génesis onde se diz que Deus soprou sobre o ser humano para lhe dar vida (Cf. Gn 2,7) ou a teofania ao profeta Elias no Monte Horeb (Cf. 1Reis 19,11), onde Deus se revela na brisa suave que se faz sentir no silêncio.
De facto, o sopro e o vento remetem para o Espírito Santo como adveio no acontecimento do Pentecostes: «De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde eles se encontravam.
[...] Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem» (At 2, 2.4). O Espírito conduz à leveza do encontro na beleza da música.
Isto mesmo se realça numa das invocações do ritual da bênção do órgão: «Órgão, instrumento sagrado, canta o Espírito Santo que anima as nossas vidas do espírito de Deus». A arte do som na música e na ação litúrgica é um sentido em si mesma.
Nesta sua décima primeira edição, o Festival Internacional de Órgão de Braga promove a união entre o órgão, rei dos instrumentos e ele próprio um instrumento que produz som através da passagem de ar pelos tubos, e outros instrumentos de sopro.
Que o som dos órgãos e dos outros instrumentos ajude todos aqueles que participarem nos concertos deste Festival, de modo que possam elevar o espírito para Deus, louvando o Deus da Esperança e dando graças pelas suas maravilhas presentes na obra da Criação.
Sem o Espírito Santo, não há sopro e vento possíveis para a musicalidade do órgão.